Eu achei ela sempre tão forte. Admirava seu espírito sonhador, alegre, cheio de esperanças! Busquei entender o mistério que saía daqueles olhos, tão vivos, tão profundos que aos poucos me revelaram tudo. Tudo e nada. Boa parte do que sabia sobre si ela disse a mim. Há coisas que nem os olhos, palavras ou o tempo poderiam revelar.
Me sentia mais que na obrigação, mas no desejo de fazê-la livre e ainda mais alegre.
Tão repleta de sonhos, tão distante às vezes e tão capaz quanto neutra. Pois que nunca neutra! Nunca inteiramente capaz uma vez que pessoas precisam de pessoas para que a felicidade completa se torne próxima.
Quanto mais uma alma imensamente sedenta de amor! Amor recíproco. Amor igual em sua amplitude: Amor.
Toda ela transbordava sentidos. Cabelos, traços, timbre, olhar. Cada qual com um lado de sonho, de possibilidade.
Os olhos por vezes arrancaram da alma mais força que a dor aparente. Mais coragem que a do que julga as lágrimas como fracas e desnecessárias.
Exageros de personalidade.
Exagerado como intenso todo o ser dela clamava por essa vida que se derramava em cores, sabores, perfumes, em luar, dia claro, sombra de verão, banho de mar, frescor de fruta, fogo do inverno, cheiro do campo, da camomila, dança, liberdade, do gosto do elogio sincero, do romance, do frio na barriga de um grande amor. Do enxergar das pessoas, da verdade, da companhia e da liberdade.
Ela emendava a melodia das canções, soprava com a brisa ou o vendaval. Chorava a dor do inseto e clamava por justiças alheias. Forte na essência da fortaleza: sentia sem resistir, sem segurar nem enganar a si.
Ela era assim, tão viva que a vida calou. Pulsou forte, tão forte que na intenção de arrebentar o muro alçou voô ao ifinito do sonho.
Ela vive lá, onde as cores são mais bonitas, as pessoas mais generosas e os amores mais profundos...
Vive, quando os olhos fecham e a alma acorda.
Ela morre ao nascer da sombra constante de pessoas que berram suas consternações, egoísmos e infelicidades. De pessoas que riem descontroladas de um susto doloroso que a desperta da vida.
Ela era Mulher, a mais intensa: aquela que sonha.
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