quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Garras, asas e luz

Vez em quando, olhava pra a vida e vasculhava o chão explorando fendas podres... 
Sabem as tábuas quanto me debati naquela casa estranha.
''Vez em quando pego e morro... '' - dizia, sem tristeza.
Escorria pequena! Menor que a borboleta sem alma e, um pouco menos colorida.
É que pra entrar nessa vida, ganhei mãos, e garrinhas muito pequenas que não se defendiam nem escalavam até o alto. Risquei leve o chão.
O escuro tem três tons, monocromático. Eu tinha três deficiências pra enxergar... Foi quando

As sombras viraram reflexos vivos, no azul que não o do oceano preso a janela. Os oceanos ficaram negros e sedentos, não bastaram todas as águas, não bastou todo o sal. Eu vi: A sombra das mãos não é macia, não exala perfumes e cobre toda a superfície fria com gelo, esculpido em flor. Prostraram-se os peixes escravos, e tive o primeiro (único) contato com o mal. Acabou.

Quis a manhã e levitei num feixe de sol, voei pela fresta!! Já que está se formando a estrutura pra eu escalar gigante...
Senti o peito dilatado e claro. Molengo, livre!! Pra terra nenhuma endurecer ou sujar, tenho as asas prontas pro céu. Olhinhos pretos e grandes! Sabe o gosto da liberdade? Aparece nos primeiros passos soltos, a noite. Na coragem que se rendeu a consciência, então se engole o céu inteiro notando que ele não desfaz! Sorvo o mundo, com mais cor.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Com coração não tem erro

Tem amor que a gente inventa na cabeça
E encanta! Esse é o tipo de amor que caminha... (Se existem tipos de amor e se existe razão pra coisas do espirito)
Desse amor que não morre (porque existe lá no passado), canta baixinho o coração que ele berrou eufórico de sonho uma vez!
Um amor diferente também do amor de família  salvo a possibilidade desses tipos de amantes ja terem se considerado uma família...
Esse amor, é amor que é um doce! Aquele que a gente vê bonito, sente o cheiro, belisca, morde, põe na boca e saboreia intenso!  Faz fechar os olhos bem pra sentir melhor o gosto enquanto se esquece o resto à volta! Doce que vai derretendo, vai descendo pelo estomago e se der sorte, nunca vai fazer mal...
Uma coisa é certa, nunca se esquece o sabor da magia e da felicidade mesmo que momentânea, mesmo que durável (verdadeira e de nossa inteira doação) pelo tempo de meses, um ano que seja. E mesmo que cheguem outras comidas, ou outros ingredientes amargos dentro desse lugar de amor, nada vai corromper esse calor que os corações trocaram! Decepção é presente e eu falo do amor passado, ainda que seja ilusão acreditar em caráter, mas ilusão é sentimento e amor dentro dela também é amor.
Amor que uma hora decide existir à distancias por apontar tempo de ficar no passado, pela voz do tempo a dizer que não é possível ver essas pessoas com o coração que se via antes, reciprocamente, dentro de um vice e versa em pleno acordo, mesmo que da parte corrompida do acordo. O amor não existiu, existe quando se lembra dele inocente e puro. Existe porque fica lá, no passado de quem se iludiu. Ilusão é boa, é um amor no qual você já acreditou com alma. É vivo num pedaço do tempo. Ninguém decide o vento, ele sopra... Vai acontecendo, sai transparente, limpo na alma de quem sente-se limpo. E sentir-se limpo não é tanto, é tudo!

Algo no amor, que morra, que desencante, que aperte o peito de chorar de pena, tristeza e raiva, azar! Tudo o que sou, para alguns passa, para outros será insuportável! Poesia voa também, a minha é espoleta que salta do peito ! Nasceu quando meus olhos abriram pro mundo bom, quando os pés encostaram a água de sal e beberam meu corpo, quando olhei nos olhos bonitos cerrados, moles, derretendo! Foi destinada às cinzas certa vez, bastou que saísse. Poeta (de alma) entende a necessidade. O sentimento vivo ganha símbolos. É honestidade, feita de amor no ar fresco dos pulmões!