quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

É tempo de flores (à pele)

Em mim (já que é de mim aberta e explicitamente, indecifrávelmente), existe um lago. Não finge quando caem aos olhos o pó amargo das estrelas do dia. Finge quando se diz bonito, esperto e eterno. Finge como finge a mulher ao mouro. Os perversos conhecem o amor, não o sentem. Os inocentes cegos o estrangulam.
Me enche um rio azul celeste, de água deveras doce. O claro aparece quando transfere-se a direção do olhar. Em mim não basta a consciência. À leveza dela curva-se o cansaço.
A flor da minha pele sangra e meu espírito rodopia na cabeça embreagada de sal.
Ah! Não fosse mulher, não fosse efêmera qual rosa, não carecesse de chuva e solidão.
Sob a página passada de tragédias sutis meu rosto se cobre, é a proteção trazida pela velocidade ao vento.
Não é comédia, sarcasmo.
Não é desejo e verdade explicita.
Nem sequer é.
Mas o desespero por calor que se atropela me morde de raiva tristeza e pavor. A esse extremo mensal eu tenho aversão:
O copo é mar, o corpo é pedreira e o céu, na minha frequencia, parece rachar.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

À explorar galáxias

A vida por vezes cái em mim qual música desesperada e fraca... Vem gritado o pavor à noite, a asfixia de alguem que desce escorrendo por um túnel fino e eterno. Que a noite guarda além da sua escuridão, o que o poder que o Sol não alcança em seu turno...
Mas desse espaço vago, dessa interrogação num globo oco com partículas feito a Terra, nascem coisas de dimensões raras, de um pulsar efusivo, vem do peito, da alma, de algo impossivel de palpar, de torcer e de ser visto a olhos nus:

''As vezes me engolia a alma pela boca e eu a tomava devolta ao peito num abraço indescritivelmente desesperado e assim, apertadas, nossas vidas e uma mesma existencia entrelaçavam uma trama radiante de luz serena e quente. Num laço atreladas, presas em si provaram toda a liberdade do universo celeste e por alí bailaram.''

Eu pisei terras que o homem não conhece, de recordações tímidas e humildes, ja que sem estremecer de pavor e sem poder descrever a milésima parte do que é pleno, escorreguei  do meu corpo humano para através dele ascender e flutuar.