quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Dança de braços (dois)

         Quando se pensa no encanto é que ele é passado pesado nas pernas, é que ele é saudade desastrosa de uma flor que eu lia e relia - a vida - saboreando consciente e metafisicamente cada matiz e o pó mágico incolor que os constituía.  Agora dói sonhar mesmo sentada a ler meus personagens realista-psicológicos em sua perigosa ingenuidade infantil. Nada há de perigoso agora, fez-se estático o tempo e, quando pouco, circular.  Fez-se deboche tudo de mulher que havia em menina, toda arte, toda honestidade poética, a força física, a curiosidade, fez-se trivialidade e vislumbre avesso ao alheio, leigo.
         O vento precipitado e apelativo da realidade havia fechado as cortinas de um êxtase e não tardaria a chegar a tempestade que impulsionaria ao alto a telha que - por engano ou maldade - me desamparou. Um raio atravessou a lacuna antes que eu sentisse a chuva, e em choque eu tenho caminhado por limitadas direções Onde inspiração é inútil e delicadeza é pras horas de vontade. Vou inventar o que há de supérfulo em real imaturidade e a sitemica agradará - à quem?
       Quando eu pensava no encanto ele era presente, ele era o mundo inteiro agraciado pela chuva de pernas e braços,  os quatro! Que eu me faça teatral, que eu me faça dramática e trágica, que eu me faça o que os ânimos permitem num dos auges da oscilação.

Não sei o que é que me derrete
O que na memoria escorre gelado tecendo veias espirais
Sei que derrete silencioso de forma que desperta
O sono (Goya) da razão

         Não amo a solidão dos pensamentos, a solidão calculada ao passar pelas ondas claras ou sujas da vida e não é opcional que eu o faça, quando. Minha sede egoísta e original é partilhar - frase que as letras injustas encurtam a gravidade. Quero oito membros.

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Uma simples (pretexto poético)


Vai ficar tarde e rosado, vislumbrado de cima. Lá estará o principio da ausência, bonita e alta, colorida de probabilidades...
Vai ficar violeta e agitado, macio, choroso e mais distante da realidade.
Assumido será o efeito da falta massageando o coração largo e afetuoso. 
Acudirá uma nostalgia curta de distancia temporal, em que os caminhos estacionados numa onda verde, azul ou grande, ininteligível mas de seu conhecimento, flutuarão inermes, ansiosas por junção.
Mas ficará tarde e parte do som acusará uma chegada [espiritual]. Estrelas vaidosas  terão a existência falida e será curta a mente para investigar.
A tarde fará auge nos quartos e os mosquitos realizarão a denuncia: É bonita a ausência, tua alma a irá carregar.

domingo, 25 de novembro de 2012

O decorrer da ideia, desinviabilização

Procuro campo favorável para o extermínio dos conflitos que nem sei. O favorável costumava ser este branco a alimentar, os conflitos podiam ser letras maduras selecionadas por relevância ou simples predileção. Estas de agora, por recém semeadas, inviabilizam degustação e detalhamento.
Do todo, há a salivação de quando aos olhos aponta a mudança.
Já estão sugeridas as variações de um espírito que retorna à semelhantes sensações, atenua-se a razão de prosseguir por hora.
Aponta a mudança, a necessidade insistente de desmistificação. De exploração dos frutos surgidos periodicamente, inclusive dos que caem dolorosos na cabeça.
Os incômodos se não avaliados são inúteis. São abelhas improdutivas, voam e só.
O branco novo acolherá conflitos com o fim de dissecá-los. Um deles, no decorrer do presente preenchimento, identifiquei.

Possibilidade Desinviabilização 

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

E se cansar o sol, também volto a ser gente

Quando há sol depois que o lago enche eu fico generosa, colaboro com gotinhas frescas e sopro alguns suspiros de longe... Vejo a vida do único jeito que faz sentido, pulsando.  Saboreio da calçada nova as cores que remetem ao espanto de um ser, o que não cabe na civilização, pequeno e demasiado afetuoso.
Quando não há trabalho e o sol volta alto no sino da igreja, eu rogo a graça de ignorar, como quando pequena, o prático, o cálculo oco, a convenção, a ordem dos passos pra cada lugar, sua aparência e meticulosa intenção.
Quando o sol fica azul e os pássaros amarelos, me estico de novo na grama e queimo pra irradiar a verdade e importância suprema no mundo, como se procedesse,. Eu queimo pra derreter o olhar pro chão de quem habita a casa e semeia as camélias, de quem tem medo de não administrar seus sentidos e desencaixar, teve de abrigar duas forças numa só alma e eu tenho de assistir ora um sorriso, ora uma ausência. Mas eu queimo, eu como o sol pra queimar de belo sendo que, infelizmente assim, consumo em chama antes de acordar.
Quando cansa o sol a lembrança é apertada, aí então cabe o ser pequeno no presente, com a cabeça inteira emaranhada a tropeçar pela cama: importa sonhar um mergulho no concreto da sombra de cores pós chuva, abro a boca e respiro, a ilusão de vida fria sai.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Garras, asas e luz

Vez em quando, olhava pra a vida e vasculhava o chão explorando fendas podres... 
Sabem as tábuas quanto me debati naquela casa estranha.
''Vez em quando pego e morro... '' - dizia, sem tristeza.
Escorria pequena! Menor que a borboleta sem alma e, um pouco menos colorida.
É que pra entrar nessa vida, ganhei mãos, e garrinhas muito pequenas que não se defendiam nem escalavam até o alto. Risquei leve o chão.
O escuro tem três tons, monocromático. Eu tinha três deficiências pra enxergar... Foi quando

As sombras viraram reflexos vivos, no azul que não o do oceano preso a janela. Os oceanos ficaram negros e sedentos, não bastaram todas as águas, não bastou todo o sal. Eu vi: A sombra das mãos não é macia, não exala perfumes e cobre toda a superfície fria com gelo, esculpido em flor. Prostraram-se os peixes escravos, e tive o primeiro (único) contato com o mal. Acabou.

Quis a manhã e levitei num feixe de sol, voei pela fresta!! Já que está se formando a estrutura pra eu escalar gigante...
Senti o peito dilatado e claro. Molengo, livre!! Pra terra nenhuma endurecer ou sujar, tenho as asas prontas pro céu. Olhinhos pretos e grandes! Sabe o gosto da liberdade? Aparece nos primeiros passos soltos, a noite. Na coragem que se rendeu a consciência, então se engole o céu inteiro notando que ele não desfaz! Sorvo o mundo, com mais cor.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Com coração não tem erro

Tem amor que a gente inventa na cabeça
E encanta! Esse é o tipo de amor que caminha... (Se existem tipos de amor e se existe razão pra coisas do espirito)
Desse amor que não morre (porque existe lá no passado), canta baixinho o coração que ele berrou eufórico de sonho uma vez!
Um amor diferente também do amor de família  salvo a possibilidade desses tipos de amantes ja terem se considerado uma família...
Esse amor, é amor que é um doce! Aquele que a gente vê bonito, sente o cheiro, belisca, morde, põe na boca e saboreia intenso!  Faz fechar os olhos bem pra sentir melhor o gosto enquanto se esquece o resto à volta! Doce que vai derretendo, vai descendo pelo estomago e se der sorte, nunca vai fazer mal...
Uma coisa é certa, nunca se esquece o sabor da magia e da felicidade mesmo que momentânea, mesmo que durável (verdadeira e de nossa inteira doação) pelo tempo de meses, um ano que seja. E mesmo que cheguem outras comidas, ou outros ingredientes amargos dentro desse lugar de amor, nada vai corromper esse calor que os corações trocaram! Decepção é presente e eu falo do amor passado, ainda que seja ilusão acreditar em caráter, mas ilusão é sentimento e amor dentro dela também é amor.
Amor que uma hora decide existir à distancias por apontar tempo de ficar no passado, pela voz do tempo a dizer que não é possível ver essas pessoas com o coração que se via antes, reciprocamente, dentro de um vice e versa em pleno acordo, mesmo que da parte corrompida do acordo. O amor não existiu, existe quando se lembra dele inocente e puro. Existe porque fica lá, no passado de quem se iludiu. Ilusão é boa, é um amor no qual você já acreditou com alma. É vivo num pedaço do tempo. Ninguém decide o vento, ele sopra... Vai acontecendo, sai transparente, limpo na alma de quem sente-se limpo. E sentir-se limpo não é tanto, é tudo!

Algo no amor, que morra, que desencante, que aperte o peito de chorar de pena, tristeza e raiva, azar! Tudo o que sou, para alguns passa, para outros será insuportável! Poesia voa também, a minha é espoleta que salta do peito ! Nasceu quando meus olhos abriram pro mundo bom, quando os pés encostaram a água de sal e beberam meu corpo, quando olhei nos olhos bonitos cerrados, moles, derretendo! Foi destinada às cinzas certa vez, bastou que saísse. Poeta (de alma) entende a necessidade. O sentimento vivo ganha símbolos. É honestidade, feita de amor no ar fresco dos pulmões!

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Palavra é escada

Quem sabe um peixe do mar me devolvesse esse deleite que nem o sonho da noite passada recuperou, apenas remeteu e despertou nos olhos fechados e inquietos (que procuravam desesperados de um lado pro outro a saudade), essa saudade afogada do meu mundo. Ah! Esse peixe de um sabor singular e regado a paisagem. Somente essa paisagem, essa atmosfera deliciosa de ventania morna sopraria a vida imensa de volta célula a célula.
E quem sabe um vento... Um calor e um refrescar simultâneo, as dunas! Qual castelos de areia a me erguerem rainha e poderosa sobre os sentidos, dona do mundo claro da alma.
Então, não sentiria a dor da distância do meu mundo, salvo os clichês e lamento.
Por hora, a chuva desce agravando o aperto no peito como uma ofensa gelada e úmida. O corpo se recolhe involuntário e a vontade de dançar prende o salto na lembrança. Mal aninhada eu respiro fraquinho, falhado.

Sinto vontade de qualquer folha parecida com verão, qualquer poça d'água que reflita o cristal da estação. Um vestido de flor. Qualquer coisa mais quente, qualquer coisa menos cinza. Um samba e uma varanda com rede, calçadas para o anoitecer. Qualquer bar, qualquer som, a liberdade dos braços despidos. Vontade de ver cinco horas pela fresta, pra amanhecer enroscada no balanço dos varais e despencar sobre o colo da grama molhada. Ah! Saudades... Se houvesse como alcançar com as pernas por um instante eu correria a toda velocidade, a esquecerem meus pés do chão, a saltar num vôo de menina e deslizar no tempo até cair: sobre a poça rasa e dourada da pedra, partilhar do choro bom com os olhos da cachoeira.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Resvalando

A chuva não é a mesma mas é completamente igual.
Senti saudade ontem e ela me surpreendeu esta manhã, só que feia! Não foi uma surpresa amável, foi grosseira, pesada e grudenta. Quase que não natureza, quase que um ovo abandonado na água rasa. Asqueroso e tudo o mais que o olfato imaginário e a pele com frio absorver... Também sonhei sanguessugas! E nem vem ao caso mais...
A chuva que me fez tão romântica em fevereiro de 2011:

''Cante assim, como a chuva canta pra eu dormir.
Conte em meus ouvidos uma nova história durante todas as noites e dias adoravelmente granulados de uma luz azul ou dourada.
A dessa noite parece quente e macia.
Cada toque pesado dessa lágrima alegre nos braços da grama é uma confissão absoluta e acolhedora.  Uma saudade pra cada milímetro verde. Para os projetores do reflexo arroxeado um extraordinário reencontro... A nuvem as chama de volta, as gotas, que veem convertidas em suspiros pálidos que o dever da gratidão provoca. Viajam nas escadas do vento amigo, repousam, renascem, em queda livre algumas se perdem na sede dos vivos, outras escorrem na pele despertado sentidos alheios, ainda que cheguem a seus amores chegarão desfalcadas de um romantismo que ficou molhado na fome dos lábios, na adrenalina dos pássaros viajantes, nos raios dourados de sol. Muitas chegam, poucas chegam inteiras na espera aflita da grama... Mas é noite e eu devo continuar...
Então, vente assim, trazendo a neblina que pinta o sorriso do meu sono...
Raras são as coisas substituíveis. Boas ou más. Inexistentes as pessoas como enumeráveis os sentidos de cada momento. ''

E agora eu vou dormir com algumas bactérias filhotes do ovo amarelo, nem me dou ao trabalho de reler essa saudade. A chuva de hoje (igual aquelas maldosas) trouxe a saudade de uma outra já morta... 
Vai dormir passarinha, inventar meditação pra segunda novidade.

(24/05/12)

De outro dia, corrompendo sentimento

Estava aqui, mulher morta, (menor que menina) até que...

Uma metamorfose ocorre num plano fora da órbita e eu pássaro, retorno e encarno inteiro.
Inteiro pela metade, já que a outra pertence ao pote resplandecente, perigosamente resplandescente! E possuido... Qual anjo pela luz sedutora da lua , que vai chamando para que nos droguemos... Mazoquista! Passarinha dócil mazoquista.
Num pote em espiral, para hipnotizar, num pote dourado pro deleite das estrelas de fogo e melancolia se tocarem e explodir, eu sorvo gole a gole. Minunciosos goles seguindo o bico, saborosos...
Como que um cristal quentinho, mole, renascendo! O gosto de renascer por volta da centésima vez é novo.

(24/05/12)

Isso é saudade

Amanhecer é a palavra do sol, da luz, da enchente de verdes e frescor. Amanhecer é o que pede o peito as vezes tão condicionado, tão sugestionável. Fraco. Mas nem sempre o tem... E mesmo que eu saiba das diretrizes, que eu saiba quais as fórmulas e qual a necessidade (extrema), eu me afasto involuntariamente. Porque eu quero uma manhã fresca e azul, eu quero a canção forte do mar e vou repetí-lo e rogar até que a alcance porque eu quero uma solidão do tamanho de uma praia, a praia que for. Eu quero a solidão que esquece o tempo e não ve as pessoas. Que ainda assim recorda delas, tão calorosas e amáveis e assim maiores, afastadas por uns segundos pra que se faça possível a degustação. Isso é saudadade.

(30/10/2011)

Vital

A vida é um pedacinho confuso de todos os textos que a gente vai desenhando...
Queremos ser donos de nós, queremos ser donos da inteligencia suprema, da razão absoluta.
Desejamos abismos porque voltamos as musicas nostálgicas de nos afogar, pra confirmar essa nossa razão primeira que vai comendo letrinhas bobas, letrinhas minúsculas, passageiras...
E a plenitude? A matéria dos sonhos primeiros? As ressurreições do peito? Da alma, do espírito juvenil de rebeldia, de aventura...?
A cabeça não pode parar porque ela deve. Ela nos deve uma boa limpeza. Esclarecimentos, emoções.
Sinto meu coração um tempo mais novo a cada acontecimento, em cada folha viva que como. Meus olhos abrem, minha criança constrói-se energéticamente.

(27/02/2011)


A gente esquece do tempo e das coisas bem ditas

Não sei se era sonho ou canção. Se era uma data ou mudança de planos. Teu perfume ou o gosto de café no teu hálito. Era noite alta e toda a massa em volta era envergonhada, desprovida de rostos. Talvez o frio as cobrisse como cobriu minha memória segundos depois. Todos os segundos desses últimos milênios  foram contados? Não foi suficiente que eu lembrasse relatar, seria que eu lembrasse o relato.
Esperam respostas que não tenho. Não quero discutir o quanto preciso .
Se já faz parte do meu dia o nome, porque aparecem coisas tolas fugindo da boca muda?
Se há o que conforta a alma, toma-o. Toma essa noite uma palavra minha e dorme em paz. Toma meus medos, minha responsabilidade e minha decisão como que não fossem tuas e entenda-te satisfeito, coração.

(08/05/2011)

terça-feira, 20 de março de 2012

Grata à Saint - Exupéry

Possuo um planeta enorme, onde organizo expedições, explorações infinitas...
Eu organizei o infinito em envelopes de surpresas desagradáveis, desafiadoras, lindas e um segundo retiro. É este que hoje e tardiamente, merece a atenção das minhas letras.
Este retiro é um planeta cor de pétalas, as pétalas da hortência... Tem sabor de café! É também regado à orvalho, assim devagarinho... Doce. Ora azulado demais, ora lilás e azulado... Cor de sol exausto a deixar presentes na despedida!! Faz a pintura dourada e viva da harmonia... Tem ainda, um perfume nostalgico por amadeirado... Esse planeta, em especial (não esqueça que tenho vários), me faz suspirar leve e despreocupada. Repete as canções, mas de uma forma delicada... É um planeta que serve caldos deliciosos, quentinhos... Um território friozinho e aconchegante. Sim, porque nele se pode acender fogo, basta um pouco de sacrifício, mas eu sei que vale a pena.
Pense que desde as surpresas desagradáveis nos envelopes ao sonho quentinho que virá, são coisas que eu possuo, nada inventei. Pode ser que você, leitor, entenda: são coisas que cairam do céu ou desbarrancaram em inundações um tanto perigosas entre muitas outras que conquistei! E é tudo meu! Coisas que possuo e revejo, limpo o necessário cuidadosamente e cultivo o restante com amor. Cultivemos o amor...
Este planeta retiro a que me refiro, tem mais da metade de magia. Às vezes sinto, de súbto, ele se lançar ao ar em dança, então o faço abalar em risos! Nos derretemos sob as superfícies planas, eu e as saudades...
E de saudades, vou de encontro à ele agora, chamá-lo, saboreá-lo, sorvê-lo. Vou abrir junto aos olhos da alma o esperado envelope de sonho quentinho.
Meu planeta também dispõe de pombos para o correio, vai espalhar perfumes... Ele é todo encantador !

(Uma pétala morta debocha da delicadeza.)
 

Essa flor entorpecente... Energética.

Não há como respirar, como engolir qualquer coisa que não diga respeito ao espírito dessa nostalgia breve...
Engasgo.
Embora os meus afazeres estejam todos ligados à esse tempo meio seco, oscilando entre sim e não sei; se faz necessário parar. A velha força me puxa, então eu estalo inteira e lembro:
Que nada seja seco, que nada seja meio!
Eu jurei recusar esse oposto trágico de 'vivo'. Eu jurei recusar o que não fosse inteiro (não desrespeitei isso, efetivamente), e assim relembro e reconstruo:  Meus pés onde pisarem, seja em cacos ou em brasa, em nuvens ou no gelo do inferno, sejam firmes! Sejam meus pés! Eu pisarei passos e não comerei sapos senão por querer, por decidir, por assim entender que será bom enquanto e no futuro.
Eu entendo isso há tempos, desde que sou me construí EU e repugno as conclusões emocionais que confundem sinceridade com arrogância! Que me vêem arrogante. São pré-conceitos, superficialidades vãs...
Continuemos. O que eu amo e a quem amo eu nunca deixarei de sentir amor, podendo ou não podendo de fato amar. Bom seria se todos pudessem viver o amor, se todos que o sentem encarassem vivê-lo... Isso me sobe à garganta e faz doer, eis o maior desejo maior aptidão da minha existência: viver em tudo a verdade absoluta, a paixão forte, constante. Como no próprio movimento: constante, propulsor, pleno. Isto é o que me faz apostar o melhor em tudo o que respira ao meu redor e não me deixa esgotar em preocupações ou medos, pois que as coisas vem, as coisas vem...
Pois sigo, sigo aprendendo ainda a adaptar com o exterior esse EU, já que sei de que se trata. E eis a minha decisão: Ter meu presente vivo seja em paz ou em guerra.
Vamos aos meus textos. Ora, tanto é o que me faz viva! Eu possuo esse lugar, por exemplo, aconchegante e meu onde me registro, me afirmo e confirmo. Esse lugar é feito de palavras, minha expressão oral de fragmentos da alma, a viajem infinita dado o passe em cada frase e me surpreende regressando a outros textos, que a essência persiste. Essas convicções são impressionantes! Acrescentei, posso dizer, alguns detalhes significativos... Mas essa vitalidade junto aos mais inacessíveis e enigmáticos segredos estão aqui expostos, de forma inacreditávelmente sincera.
Eu me espanto e serve, isso me serve porque o mundo nada e tanto mais é que minha vida e, também, nada há de mais importante que perceber e investigar cada pedaço, automaticamente, amando, já que os puxei de mim, das entranhas, fiz e refiz, modifiquei, resisti, briguei, reforcei, eduquei, administrei e os senti emergindo, florescendo. Partindo de dentro, pois que que o mundo todo e desde todo é em mim, independente de eu conhecê-lo. É delicioso nos conhecermos sem enlouquecer efetivamente!
É artístico, poetico. E é lindo ser poético, é energizante a beleza, imprescindível a certeza de ao menos uma coisa no mundo enquanto vida, existência, essência.
Assim desafogo, largo essa carga tão engraçada... Desengasgo.
Com toda a modéstia, mas, às vezes pareço criança... Uma criança mulher... Uma menina! O que de mais gostoso e puro se pode sentir ser às vezes? O que de mais gostoso e puro que se perder e se achar em deliciosa forma?...
Energético.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Uma casa de madeira, uma saudade do inverno

De pequena o sonho fez-se menor. Em figurino deveras gradativo, intruso, alheio. E de gigantes as noites, cessaram os dias e os devaneios, o aconchego e o calor das lareiras que meus olhinhos inventaram. Ah, eles eram um bocado mais quentes que as sofisticadas verdades materiais e as cobertas de lã me aninhavam como... Elas me aninhavam.
Eu não sei a razão, mas não discordo das manias de criança, embora coisas me gritem, porcas, que eu devo.
É que é quente e limpa a luta diária, o esforço e a sua singela recompensa - Canta a nuvem sequinha da consciência.
Eu sinto cheirosa a fumaça sem culpa dos fins de tarde que se foram, em que o sol fraco descansava o brilho externo pra ofuscar de vida a alma
Passado? Não. É a lenha nas mãos do futuro que a minha vontade promete. Futuro limpo qual esta última, primeira verdade. Llivre, feito o que há dentro do corpo. Meu, como a força infinita e crescente do mundo fora do planeta.
O sol cansado chora raios doloridos na pele do verão... Hora de voltar a aquecer sereno, clarear a alma dos demais e beijar de paz e sossego meus dias parcialmente dependentes...
Que o verão é agressivo, se prolongado. É com o seio quente que te acolho, frio.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

É tempo de flores (à pele)

Em mim (já que é de mim aberta e explicitamente, indecifrávelmente), existe um lago. Não finge quando caem aos olhos o pó amargo das estrelas do dia. Finge quando se diz bonito, esperto e eterno. Finge como finge a mulher ao mouro. Os perversos conhecem o amor, não o sentem. Os inocentes cegos o estrangulam.
Me enche um rio azul celeste, de água deveras doce. O claro aparece quando transfere-se a direção do olhar. Em mim não basta a consciência. À leveza dela curva-se o cansaço.
A flor da minha pele sangra e meu espírito rodopia na cabeça embreagada de sal.
Ah! Não fosse mulher, não fosse efêmera qual rosa, não carecesse de chuva e solidão.
Sob a página passada de tragédias sutis meu rosto se cobre, é a proteção trazida pela velocidade ao vento.
Não é comédia, sarcasmo.
Não é desejo e verdade explicita.
Nem sequer é.
Mas o desespero por calor que se atropela me morde de raiva tristeza e pavor. A esse extremo mensal eu tenho aversão:
O copo é mar, o corpo é pedreira e o céu, na minha frequencia, parece rachar.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

À explorar galáxias

A vida por vezes cái em mim qual música desesperada e fraca... Vem gritado o pavor à noite, a asfixia de alguem que desce escorrendo por um túnel fino e eterno. Que a noite guarda além da sua escuridão, o que o poder que o Sol não alcança em seu turno...
Mas desse espaço vago, dessa interrogação num globo oco com partículas feito a Terra, nascem coisas de dimensões raras, de um pulsar efusivo, vem do peito, da alma, de algo impossivel de palpar, de torcer e de ser visto a olhos nus:

''As vezes me engolia a alma pela boca e eu a tomava devolta ao peito num abraço indescritivelmente desesperado e assim, apertadas, nossas vidas e uma mesma existencia entrelaçavam uma trama radiante de luz serena e quente. Num laço atreladas, presas em si provaram toda a liberdade do universo celeste e por alí bailaram.''

Eu pisei terras que o homem não conhece, de recordações tímidas e humildes, ja que sem estremecer de pavor e sem poder descrever a milésima parte do que é pleno, escorreguei  do meu corpo humano para através dele ascender e flutuar.