quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

É tempo de flores (à pele)

Em mim (já que é de mim aberta e explicitamente, indecifrávelmente), existe um lago. Não finge quando caem aos olhos o pó amargo das estrelas do dia. Finge quando se diz bonito, esperto e eterno. Finge como finge a mulher ao mouro. Os perversos conhecem o amor, não o sentem. Os inocentes cegos o estrangulam.
Me enche um rio azul celeste, de água deveras doce. O claro aparece quando transfere-se a direção do olhar. Em mim não basta a consciência. À leveza dela curva-se o cansaço.
A flor da minha pele sangra e meu espírito rodopia na cabeça embreagada de sal.
Ah! Não fosse mulher, não fosse efêmera qual rosa, não carecesse de chuva e solidão.
Sob a página passada de tragédias sutis meu rosto se cobre, é a proteção trazida pela velocidade ao vento.
Não é comédia, sarcasmo.
Não é desejo e verdade explicita.
Nem sequer é.
Mas o desespero por calor que se atropela me morde de raiva tristeza e pavor. A esse extremo mensal eu tenho aversão:
O copo é mar, o corpo é pedreira e o céu, na minha frequencia, parece rachar.

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