Lembro o teu sorriso preso do lado de dentro da vergonha... Da barreira dos teus olhos grossos ele não é digno de passar. E só alcança a estes pela ponte involuntária de um pulsar alerta.
Ah o tamanho do teu coração... Deve ser, também o meu, feito dessa vontade de explodir, insaciável por toda a vida vivida. Extremo, intenso.
Penso em acordar uma manhã em tua memória. Uma manhã quente de primavera, florida... Daquelas que leva até a cama o perfume do campo num convite à despertar.
Devo te convencer numa expressão dessa minha face tua a preparar pro almoço, com teu carinho solto, porções fartas do nosso melhor passado...
Minto o que sinto quanto tento te contar, sufoca em tua fraqueza minha chance outra vez... Ressuscita em canções fortes. Suponho grave tua voz em canto, mas é no peito que engasga minha coragem de ouvir.
Por entre livros, poemas, retratos e pratos teus, eu construo o meu ateliê. Fundamental é toda a bagunça para pintar uma ilusão. É doce sonhar acordada... Pra tamanha ternura, talvez, não exista outra forma de sobreviver.