sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Agora é isso

Hoje é um dia apaixonante. É Natal, e talvez minha postagem não tenha nenhuma conexão além da coincidência da data.
Eu lembro, imagino e acredito em gotas muito cintilantes que rodam sem atontar, numa lucidez parcial e faminta de realidades paralelas à cotidiana.
Penso que se eu dissesse adeus a uns, outros diriam olá para mim. Não sei se há metamorfose radical que tire das pessoas o medo de viver e caminhar sem amarras, mas lado a lado com amor.
A capacidade de doação pode vibrar e abalar estruturas bem duras.
Eu estou cansada de dureza, a doçura é tão equilibrada quando dividida, por isso eu sinto falta de ar. Ela (a doçura) está trancada pedindo consentimentos. Isso é um pouco de tudo, se eu deixar pra depois a reflexão vai se transfigurar, não necessariamente evoluir. Feliz Natal pra nós.

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Uma das comparações, não sejamos reducionistas.


Bom é estar diante de si para recriar-se. Meu eu come passarinhos mas não descarta os livros. É como nadar no rio que divide-se em duas porções desiguais correndo na circunferência da Terra: de um lado é possível fluir com ele para experienciar a vida poética (extravasando um pouco a margem), e, chegando ao final de um percurso, retornar abastecendo-se de teoria. Assim continuamente por novos diâmetros.
As vezes mais detidos a um fluxo que à outro, mas abertos as suas delícias e dessabores.
Há que imaginar e há também que conhecer.

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Abra e deixe circular.

Eu estive alí, cheirando cogumelos como uma tola que não sabe que o extase aparece quando decidir, sem ninguém pedir. Quando alí, próximo ao quarto, eu acendi duas fogueiras e pensei: eles não vão entender como eu sei fazê-las e vão desconfiar. Então eu fiz duas, ambas na altura dos meus quadris e encontrei dois cogumelos pouco coloridos mas bastante macis. Eu sei que não tinham perfume mas atontavam muito e muito bem. Eu e a árvore percebemos, não há mal quando ele vem.
Hahaha. Eu brinquei de ser boba e esse mundo é meu. Agora eu quero um pouco mais, mas é segredo: quem decide é ele, quando e onde faz.

domingo, 1 de junho de 2014

Emmurecido

Vitrola é uma palavra bonita. Eu não posso reproduzi-la. Toca em mim como em nenhum outro corpo. É para mim como não é em si: O mistério dos entes que Heidegger declarou. Mas o desconexo pede que eu continue a lembrar de uma história...
Eu gargalhava no banheiro e a parede escorria cores verdes e rosadas, musgos de floresta fresca e anoitecida de sol comestível. Conversávamos, mas sempre pro alto. Um poço camuflado de palha sedutora lá fora, chamava para um mergulho e eu continuava rindo atrás dos biombos de madeira, pretendia um ''lá fora'' mais fora, a céu aberto avesso porque era bem mais que a palha o que me elevava, era o poço largando mão dos tijolos e levitando comigo, ao lado.
A armadilha tocava e eu chovia para cima, pisando em seus degraus musicais e pensando que o poço vinha comigo. Ele não vinha, armadilha que era. Não poderia largar das notas que eu escalava. Ele ficava. E eu acreditava no que o ente não conta, no que eu não me darei conta, nem Heidegger, sequer seu (o do poço)  subconsciente emmurecido.

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Me preparava pra dormir por um tempo

Hoje histórias conversaram com força e esta última me levou a estender pesquisas. Vasculhei um nome e uma canção insistentemente sem sucesso. Queria ouvir e pasmar, e chorar  com meus olhos vivencias que não foram minhas. Não me dei de conta que fugia até que parei (sem também me dar de conta). Esbarrei na minha história e acordei de um susto com os olhos tão introspectivos que eu jurei estar buscando-os através da nuca de um lugar (tempo) bem longe.
Sabe lá o que remexia no inconsciente, mas eu sei que remexia.

Coincidentemente algumas manhãs dos últimos dias, tocava uma velha canção conhecida que fala do tempo. Tocava sempre na hora de eu ir embora e só hoje eu depositei devida atenção: passou um mês de forma rápida que deixará uma alegria vital apesar de confusa, mas que imagino girar em torno dos pensamentos de que:

Existem muito mais pessoas sensíveis e fortes (e honestas consigo e com os outros) do que eu imaginava. 
Ou de que essas pessoas podem ser poucas mas que estão por perto e mesmo que não volte a conviver com elas me basta saber que as conheci e que estão no mundo arborizando.
Que existem também por perto artistas mais poéticos que técnicos, mais humanos que robôs. Verdadeiramente encantadores!

São descobertas gigantescas que ansiei por muito tempo e que chegaram na hora exata em que eu preparava o sono até sabe que dia milagroso. Sequer precisei dormir!!

Mistérios soprados da voz de Nana Caymmi através de um rádio nostalgico, num quarto infinito de possibilidades que massagearam o coração.

domingo, 16 de março de 2014

Para o eterno do mar

Não há bom e não há porque. Porque não tenho de ser o que fui nem mais além se o desejo for de outrem. Subestimaria capacidades se me aventurasse educar e reformar as de alguém. As de alguns especiais. Bom seria o recíproco entendimento.
Devo ter coragem para não anular o cotidiano mecanizado. Não há como cultivar imagens mofadas, é preciso purificar. Devo apertar bem as mãos e agarrar a pequena vontade de permanecer. Pois se eu disser para o mar que ele me é igual ao que nunca foi pode ser que ele agite mobilizando forças pra entender a confusão de musgos que invadiram nosso contato real.
Mas eu não o fiz então ele não notou.
E a alma dos rios se agarram ao chão para não fluir. Deveria esgotar não fosse a existência infinita desta em unidade de amor. Deveria secar não fosse o sol esperando mais a frente pra brilhar no tempo em que o sim convergir para o eterno do mar.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

De um passeio no parque e no livro: Arranhões pequeninos

As almofadas não eram pouso para descanso, mas a própria levitação! Faltam-me luzes específicas à molhar de cor as emoções já esquecidas, mas sabidas, para (de)escrever. Falta-me o entardecer, o de ontem em especial. A lua espacial, o lilás amarelado. 

Mesmo fechadas, as cortinas não simulam o princípio da beleza da tarde, não imitam a brisa, não fornecem café.O frio desta hora é somente branco. Lágrima envolta pelo gelo à que tento arranhar.É dos pequenos que venho falar, no contexto da levitação referida. No contexto de mesinhas adequadas para navegar. Eles são mar horizontal de respeito, profundos de afeto honesto, de honestidade. Multidimensionais.

Após dizê-los, ainda que com boa intenção, egoístas, aprendi no receio do mergulho em mim mesma que não são. Que não somos.

Emergindo, encontrei impulso ao salto: não é mau, mas, para além da força do superlativo, é corajosíssimo que um coração seja leve ou vulnerável. 

Os corações vulneráveis emocionam-se perante a dimensão da vida, transcendem o próprio universo e retornam para acolher seu manancial de bens espirituais ora energizantes, ora desmotivadores, um tão necessário quanto o outro. Os corações que assumiram sua leveza têm ainda, a liberdade de voar mesmo com os ventos poluídos e nebulosos, de abraçar a tristeza quieta na janela empoeirada e respeitá-la. Permitem-se cegar, permitem-se para saborear o novo sem obrigação de sorrir e de aliviar-se, de chorar ou disparar corrida, apenas aquietam-se e sentem.

Tais corações, ante a beleza não pasmam, comungam com ela.

Na ação (sempre poética) dos pequenos em nós e neles mesmos, conosco e todos juntos com o mundo faz-se a ponte para a frutífera convivência, respeita-se o ir e vir, plenifica-se a existência.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Dança de braços (dois)

         Quando se pensa no encanto é que ele é passado pesado nas pernas, é que ele é saudade desastrosa de uma flor que eu lia e relia - a vida - saboreando consciente e metafisicamente cada matiz e o pó mágico incolor que os constituía.  Agora dói sonhar mesmo sentada a ler meus personagens realista-psicológicos em sua perigosa ingenuidade infantil. Nada há de perigoso agora, fez-se estático o tempo e, quando pouco, circular.  Fez-se deboche tudo de mulher que havia em menina, toda arte, toda honestidade poética, a força física, a curiosidade, fez-se trivialidade e vislumbre avesso ao alheio, leigo.
         O vento precipitado e apelativo da realidade havia fechado as cortinas de um êxtase e não tardaria a chegar a tempestade que impulsionaria ao alto a telha que - por engano ou maldade - me desamparou. Um raio atravessou a lacuna antes que eu sentisse a chuva, e em choque eu tenho caminhado por limitadas direções Onde inspiração é inútil e delicadeza é pras horas de vontade. Vou inventar o que há de supérfulo em real imaturidade e a sitemica agradará - à quem?
       Quando eu pensava no encanto ele era presente, ele era o mundo inteiro agraciado pela chuva de pernas e braços,  os quatro! Que eu me faça teatral, que eu me faça dramática e trágica, que eu me faça o que os ânimos permitem num dos auges da oscilação.

Não sei o que é que me derrete
O que na memoria escorre gelado tecendo veias espirais
Sei que derrete silencioso de forma que desperta
O sono (Goya) da razão

         Não amo a solidão dos pensamentos, a solidão calculada ao passar pelas ondas claras ou sujas da vida e não é opcional que eu o faça, quando. Minha sede egoísta e original é partilhar - frase que as letras injustas encurtam a gravidade. Quero oito membros.

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Uma simples (pretexto poético)


Vai ficar tarde e rosado, vislumbrado de cima. Lá estará o principio da ausência, bonita e alta, colorida de probabilidades...
Vai ficar violeta e agitado, macio, choroso e mais distante da realidade.
Assumido será o efeito da falta massageando o coração largo e afetuoso. 
Acudirá uma nostalgia curta de distancia temporal, em que os caminhos estacionados numa onda verde, azul ou grande, ininteligível mas de seu conhecimento, flutuarão inermes, ansiosas por junção.
Mas ficará tarde e parte do som acusará uma chegada [espiritual]. Estrelas vaidosas  terão a existência falida e será curta a mente para investigar.
A tarde fará auge nos quartos e os mosquitos realizarão a denuncia: É bonita a ausência, tua alma a irá carregar.

domingo, 25 de novembro de 2012

O decorrer da ideia, desinviabilização

Procuro campo favorável para o extermínio dos conflitos que nem sei. O favorável costumava ser este branco a alimentar, os conflitos podiam ser letras maduras selecionadas por relevância ou simples predileção. Estas de agora, por recém semeadas, inviabilizam degustação e detalhamento.
Do todo, há a salivação de quando aos olhos aponta a mudança.
Já estão sugeridas as variações de um espírito que retorna à semelhantes sensações, atenua-se a razão de prosseguir por hora.
Aponta a mudança, a necessidade insistente de desmistificação. De exploração dos frutos surgidos periodicamente, inclusive dos que caem dolorosos na cabeça.
Os incômodos se não avaliados são inúteis. São abelhas improdutivas, voam e só.
O branco novo acolherá conflitos com o fim de dissecá-los. Um deles, no decorrer do presente preenchimento, identifiquei.

Possibilidade Desinviabilização