sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

18

O quarto sabe, ouviu muitos dos sonhos, das músicas também. Eu revivo agora, pouco mudou em mim, mas foi imensamente significativo. Já relembrei em outros textos... Não vale repetir.
Ainda imagino a mágica que não posso tocar. Ainda não consigo ver como imaturidade. Espero sempre gostar de sonhar. Não me diga que é bobo, não me diga que é comum, não diga que é patético. Evite gastar tempo e se aborrecer. Eu não vou acreditar.
Se fui ingênua é que ainda sou, pois não vejo mudança relevante nesse aspecto... Vejo coisas bem pesadas, sei de boa parte da maldade que se esconde atrás dos vidros que minha mãe jurava serem inquebráveis. Passei por medos, vergonhas, senti raiva, ambição. Deixei de perdoar, magoei, deixei o orgulho ferir tudo à volta. Omiti. Mas nada, nada ainda me fez querer deixar de acreditar em mim e nos outros. Senti tantas coisas boas tocando o meu coração, enxerguei alegria nos olhos de quem nasceu há dois anos, e, quando seus olhos brilham com as coisas mais simples aos otros, quando ele vem com tanta verdade, impulsivamente, me abraçar forte! Quando ele fica tão feliz do meu lado, ah! Eu vejo o quanto a vida vale a pena!
Eu sei que ainda vão gritar, sei que vão rir e me expulsar, mas não importa isso enquanto eu tiver pessoas de verdade do meu lado! Persistindo na simplicidade, no caráter, na dignidade. Não vale o desgaste querer que outros entendam, nem que acreditem.
Eu ainda choro se olhar muito os meus olhos no espelho, e eu ainda sorrio. Eu já não grito contra a forma como Deus me fez. Eu já não me desespero, mas ainda deito olhando pro piso e enrolando o cabelo, ainda paro pra contemplar o céu, os morros que tem aqui perto. Eu deixo o canto dos pássaros e a grama às vezes pra vir aqui escrever e saber o que fazem as pessoas também na rede. Deve ser um pouco de solidão...
O quarto não é mais igual, nem as roupas que eu gosto de provar mas eu ainda me arrumo sem precisar sair, eu apenas gosto e gosto de dançar quando ninguém vê.
Eu ainda busco o colo de mãe, não pra desabafar mas por ser o melhor do mundo, por saber que ela está aqui e que não existem palavras mais confortantes que essa nossa ligação.
Eu imagino lugares bonitos, junto lembranças daqueles que vi, daqueles que senti, e me imagino feita de pedaços, quero os pedaços frescos, ainda que verdes. Eu não vou desistir de nada disso, em alguns anos eu sei que deixei tempestades e mesquinharias me arrastarem, mas a pedra fria já me cuspiu de volta pra fora, e se eu pensar em esquecer dessas coisas boas que sinto hoje, você está aqui, texto. Basta reler pra relembrar, eu deixo você me fazer chorar, não há fraqueza em nada disso, e se houver, que tem? Sou alguém.

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