quarta-feira, 20 de junho de 2012

Resvalando

A chuva não é a mesma mas é completamente igual.
Senti saudade ontem e ela me surpreendeu esta manhã, só que feia! Não foi uma surpresa amável, foi grosseira, pesada e grudenta. Quase que não natureza, quase que um ovo abandonado na água rasa. Asqueroso e tudo o mais que o olfato imaginário e a pele com frio absorver... Também sonhei sanguessugas! E nem vem ao caso mais...
A chuva que me fez tão romântica em fevereiro de 2011:

''Cante assim, como a chuva canta pra eu dormir.
Conte em meus ouvidos uma nova história durante todas as noites e dias adoravelmente granulados de uma luz azul ou dourada.
A dessa noite parece quente e macia.
Cada toque pesado dessa lágrima alegre nos braços da grama é uma confissão absoluta e acolhedora.  Uma saudade pra cada milímetro verde. Para os projetores do reflexo arroxeado um extraordinário reencontro... A nuvem as chama de volta, as gotas, que veem convertidas em suspiros pálidos que o dever da gratidão provoca. Viajam nas escadas do vento amigo, repousam, renascem, em queda livre algumas se perdem na sede dos vivos, outras escorrem na pele despertado sentidos alheios, ainda que cheguem a seus amores chegarão desfalcadas de um romantismo que ficou molhado na fome dos lábios, na adrenalina dos pássaros viajantes, nos raios dourados de sol. Muitas chegam, poucas chegam inteiras na espera aflita da grama... Mas é noite e eu devo continuar...
Então, vente assim, trazendo a neblina que pinta o sorriso do meu sono...
Raras são as coisas substituíveis. Boas ou más. Inexistentes as pessoas como enumeráveis os sentidos de cada momento. ''

E agora eu vou dormir com algumas bactérias filhotes do ovo amarelo, nem me dou ao trabalho de reler essa saudade. A chuva de hoje (igual aquelas maldosas) trouxe a saudade de uma outra já morta... 
Vai dormir passarinha, inventar meditação pra segunda novidade.

(24/05/12)

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