É uma chuva de sentidos numa noite de temperatura amena... Gota a gota ela cai lenta, serena, numa melodia inédita misturada aos suspiros meus... e os sentidos? De todo o dia, de todas as palavras ouvidas que em sua hora foram caladas pealas ditas. De todo o amanhecer nublado a lembrança.. O sol não me cubriu hoje, não passou a janela pra me esquentar e iluminar o quarto, o dia, a vida.
Não tenho esperança ainda de conseguir desenhar com as palavras as imagens e o pulsar intenso que cada linha leva à minha mente. A magia levantada na memória de quem escreve não leva à quem lê o vermelho da cortina fina que transforma a cor, não a intensidade de um sol vivo que anima todo o ser que vive e vive por causa dele. Não remete a saudade nem tras os perfumes doces, não repara os fios do cobertor macio nem o roçar dos pés nos lençois antes do dia virar.
Não, ninguém sentirá como eu o gelado do piso nos dedos das mãos que caminham sobre eles preguiçosos. Aquela preguiça toda e a manha que observam as paredes, os quadros, o tapete e o roupeiro. Esquecida do sonho e esperançosa num dia levado por motivos simples, sinceros, motivos meus.
Que importância tem s coisas!... Agora tem a grama que é verde-escuro, um pouco azulada como naquele desenho-animado que assisti quando muito pequena e que desde então me acode às noites de imaginação mais intensa. Tem importância o canto dos grilos e o coro de insetos anônimos que fazem o back vocal. O vento que sussurra pra eu dormir aqui quentinha e confortável esquecendo as coisas ruins, que o cuidar de si de cada uma previne imenso sofrimento!...
E eu descanso sorrindo, então. Durmo a dançar por dentro...
[Data original-19/12]
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